terça-feira, julho 30, 2013

Equilibrando a fé religiosa

Irmãos, a fé religiosa de cada criatura humana gera uma conexão com Deus - a perfeição em sua magnitude, a partir de inúmeras interpretações. E da religião, homens e mulheres herdam comportamentos, tradições, hábitos e pensamentos, principalmente na infância, daqueles que os antecederam. Isso tudo se refletirá na vida adulta, onde diferentes experiências e conquistas pessoais permitirão a confirmação ou a mudança dos caminhos religiosos.

Muitos, no entanto, fazem de sua própria religião o único rumo possível e verdadeiro, e tomados por sua arrogância, esquecem-se de que muitos outros templos, igrejas, seitas, casas e grupos religiosos também têm a sua importância na vida de tantas outras pessoas, onde podem expressar gratidão, encontrar a ajuda necessária, ser úteis, crescer interiormente, estudar e aprender. Contudo, sem respeitar os diferentes pontos de vista, tais religiosos objetivam converter a todos, ou ainda se afastam do convívio social com os que pensam diferente, e podem até mesmo condená-los e torná-los inimigos, em tristes episódios de violência.

Esse fanatismo, meus irmãos, pode se dar em qualquer religião, entre situações mais brandas e mais graves, pois o problema está no religioso, não na casa religiosa. Ninguém está isento de ser preconceituoso, em algum momento. E isso cria desunião, separa as pessoas, e não é o que queremos do mundo, já que somos todos irmãos; por isso a importância de se respeitar os dogmas, porque tudo se trata de uma experiência pessoal, que só deveria dizer respeito a quem participa das mesmas ideias, deixando ao outro vivenciar as suas próprias interpretações.

O equilíbrio faz com que possamos dosar as nossas emoções diante da experiência religiosa. E isso é um trabalho que deve ser permanente, que possibilitará estender seus resultados para outras situações em nossas vidas, onde há discordância de opiniões e percepções. Por que colocar o "eu" na frente já que somos "nós"? Por que não ouvir o outro e aprender, não só permitindo que tenhamos acesso ao conhecimento e ao trabalho realizado por outros grupos, mas eliminar principalmente os preconceitos? E por que exigir que nos ouçam, quando não querem ou não estão receptivos ou sintonizados? Não esqueçamos de analisar os prós e os contras de todos os textos que lemos ou ouvimos, pois nem tudo tem uma única interpretação, e corremos o risco de, sem perceber, agirmos injustamente contra o outro por confiarmos integramente nos preceitos religiosos. E isso não é ser caridoso, principalmente quando não vivenciamos as mesmas experiências daqueles que pensam diferente de nós. E por que nos achamos tão capazes de condenar nossos irmãos? Por que exigimos que o outro tenha nossos próprios pensamentos, já que somos todos tão diferentes?

Meus irmãos, a verdade não é uma só, pois está atrelada às vivências pessoais. Passemos a compreender as pessoas como universos, com particularidades e comportamentos únicos, entre muitos outros que são comuns a todos os homens e mulheres. E a aceitar estas pessoas como são, pois isso eliminará sofrimentos desnecessários. Assim, observem aqueles que possuem pensamentos religiosos diferentes dos seus, e analisem se é legítimo sofrer porque os outros não compartilham suas próprias ideias. Mais cedo ou mais tarde, todos os caminhos existentes levarão ao mesmo ponto.

Tenhamos equilíbrio em tudo e seremos mais amados, respeitados e presentes na vida daqueles que nos cercam. A fé religiosa equilibrada é um bem valioso, pois, por não ser capaz de interferir nas escolhas pessoais, permite que as pessoas das mais diferentes crenças religiosas se unam para tornar o mundo mais harmonioso e mais feliz.

Ryrann da Jordânia
Sessão de PHATAE
20 de julho de 2013.