Os Mahayanistas, adeptos do "Grande Veículo", pregavam que através do relacionamento perfeito com nossos semelhantes poderíamos chegar à iluminação; mas, embora aparente ser um caminho fácil, na verdade não é, pois, apesar de una, a Humanidade é ao mesmo tempo infinitamente variada, porque os tipos humanos são infinitamente diferentes (eles podem diferir pelo físico, pelo sexo, pelo temperamento, pelas vivências, pelos padrões mentais, raciais, culturais, locais, etários, etc.), o que dificulta bastante a convivência, cada vez mais difícil. Em geral, vemos as pessoas querendo impor suas idéias e formas de agir, em vez de entender o seu semelhante, dentro da diversidade dele, sem compará-lo, sem querer que ele pense ou seja como nós.
Sendo cada ser vivente um caminho, os caminhos para a Iluminação são tão numerosos como o ser vivente. No entanto, esta diversidade é apenas exterior, já que temos todos, por essência, a vida como Pai e a natureza como Mãe. As diferenças, portanto, não abalam a unicidade; apenas multiplicam as vias de acesso até ela.
Em meio a tantos outros, é primordial no relacionamento com terceiros este aspecto da pluralidade de estradas simultâneas, pois ele nos leva à seguinte conclusão: quanto mais o ser humano evolui, menos condena; entende que cada um tem uma forma de sentir, de ver, de relacionar-se com o mundo exterior. Não que tolere ou suporte as diferenças alheias, mas compreende as razões do outro, mesmo quando não lhe dá razão. Não compactua, mas também não julga.
MICCOLIS, Leila. Do Hum ao Om, 1ª ed., p. 63, Rio de Janeiro: LDE Editora, 1988.
Um comentário:
Esse blog cada dia fica mais bonito!
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