UM JEITO MISTERIOSO DE FALAR EM SILÊNCIO
Carlos Cardoso Aveline
O pensador chinês Lin Yutang escreveu:
"A leitura foi sempre contada entre os encantos da vida culta e é respeitada e invejada por aqueles que raramente ou nunca se concedem esse privilégio. (...) O homem que não tem o costume de ler está aprisionado num mundo imediato, em relação ao tempo e espaço. Sua vida cai numa rotina fixa: acha-se limitado ao contato e à conversa com alguns poucos amigos e conhecidos, e só vê o que acontece na vizinhança imediata. Mas quando toma em suas mãos um livro, penetra em um mundo diferente e, se o livro é bom, vê-se imediatamente em contato com um dos melhores conversadores do mundo."
E Lin Yutang prosseguiu:
"A melhor leitura é a que nos leva a esse mundo contemplativo, e não a que se ocupa unicamente dos fatos. Considero que não se pode chamar leitura a essa tremenda quantidade de tempo que se perde com os jornais, pois os leitores de jornais se preocupam antes de tudo em obter notícias sobre fatos e acontecimentos."
A leitura profunda é meditativa. Ela ocorre naturalmente, porque é movida pelo princípio do prazer e não por alguma exigência externa. "Todo aquele que lê um livro como quem cumpre uma obrigação" - lembra Lin Yutang - "faz isso porque não compreende a arte da leitura."
Os textos têm sabores, assim como as comidas. E cada leitor tem o seu paladar próprio. "A forma mais correta de comer é, afinal de contas, comer o que nos agrada", diz Yutang, "porque só então se poderá ter segurança da digestão. Quando se lê, como quando se come, o que faz bem a um pode matar o outro. O mestre não pode forçar seus alunos a gostarem do que agrada a ele como leitura, e um pai não pode esperar que os filhos tenham o mesmo gosto que ele. E se um leitor não tem prazer com o que lê, perde o seu tempo."
Os nossos verdadeiros interesses intelectuais crescem de modo natural, como uma árvore que sabe buscar a luz e os nutrientes. Nossa vontade de ler flui como um rio. Quando há um obstáculo, a água o desvia e segue pelo caminho mais fácil. A curiosidade do leitor, como a água, avança pelo critério da afinidade.
"Considero o descobrimento do autor favorito de cada um como o momento definitivo da sua evolução espiritual", explica Yutang. "Há algo que se chama afinidade de espíritos, e, entre os autores antigos e modernos, devemos procurar aquele cujo espírito é semelhante ao nosso. Só dessa maneira podemos tirar real proveito da leitura."
As afinidades mais profundas da alma ultrapassam as barreiras de tempo e lugar. Lin Yutang destaca: "Há sábios que viveram em épocas diferentes, separados por muitos séculos, mas com maneiras de pensar e de sentir tão semelhantes que, ao se encontrarem nas páginas de um livro, pareciam uma única pessoa que encontrava a própria imagem." [2] - (continua)
3 comentários:
Nos atribuem uma capacidade infinita de teorias onde através delas nos colocam a capacidade de ler as mãos,os mapas,os sinais,a leitura labial,as cartas geográficas e tantas outras.
Mas seja lá qualquer que seja a leitura só se torna aprendizado quando se compreende e se depreende as entrelinhas.Qualquer que seja a leitura se coloca naquilo que se lê o nosso ponto de vista.E passamos de mero expectador a um possível editor de texto e imagem em nosso mundo interior.
Aprendemos a ler na escola de uma forma linear.E vamos pela vida lendo dessa forma durante muito tempo, até que entendemos tudo aquilo não nos satisfazendo.
E nessas reviravoltas e questionamentos acontece a tentativa de acomodar o que nos pede a nossa consciência,a tudo que aprendemos até então.
Eu já passei e continuo passando por esse processo de reversão.Meu curso de Missão celeste foi o meu primeiro grande portal,e aí vieram as sessões de Instruções e cada passo lento, mas decisivo, vai mudando a minha leitura dos livros,a minha leitura virtual,a minha leitura da vida.
Nossas apostilas como diz ,nossa irmã Ravendra, fazem parte desse portal tão importante que é o verdadeiro despertar.
APRENDER A LER antes de mais nada,é a tomada de consciência do nosso EU mais profundo.De verdade uma reviravolta que vai muito além da palavra escrita.
]
Amrita, fico muito feliz por ter a honra de ser testemunha do quanto vc têm, cada vez mais, "editado" sua vida....tomara possamos todos estimular-nos uns aos outros a esta "leitura interna", pois na verdade, acredito eu, só conseguimos entender o que está escrito em um texto se o mesmo já estiver revelado internamente...são as afinidades.
Com certeza são as afinidades Ravendra,e essas mesmas afinidades se fazem presente nas pessoas que nos rodeiam.Também há uma leitura sutil entre nós ,irmãos.
Um profundo Namastê!!!!!
Postar um comentário