RAZÃO PERFEITA

É chegado o momento de nos apercebermos da diferença existente entre auto-afirmação e auto-realização. Auto-afirmação é o estado absoluto da manifestação emocional. A auto-realização, realização pelo encontro consigo mesmo, executa seu plano divino. As pessoas se iludem dizendo que a razão está do seu lado. Razão perfeita é isenta de emoção, de paixão. Não se pode exercer o discernimento, se possuído pela emoção. É pensar que pensa.

Este é o processo árduo e doloroso de se passar a exercitar a verdadeira Mente. Aquela que direciona as emoções, controlando-as, para que se possa chegar à observação e a um estado conclusivo da condição em que o ser se encontra.

Há um provérbio árabe que diz: "com a mesma ternura que você fecha os olhos daquele que acabou de morrer, ABRA os olhos da vida para aqueles bem intencionados, desejosos de Salvação - a ternura é a mesma, na morte e na vida". Aqueles já com uma compreensão mais abrangente do que significa estar encarnado sabem que a morte nada mais é do que transmigrar-se de um estágio para outro.

O observador da vida e de si mesmo sabe que a ternura tem o significado de passividade interior diante da morte e da vida - sereno, procurando extrair do cotidiano lições subjetivas para o seu enteusoramento interior - sem possibilidade de julgamento, sem condição psíquica de dizer se está certo ou errado, compreendendo a evolução mental de cada um. Compreender não significa aprovar, mas ter consciência do momento que alguém está vivenciando.

A palavra ternura tem o sentido de abrir-se os olhos para a vida, para os que assim o desejam. Os cegos espirituais, já se diz, são aqueles que vivem apenas da visão física. O sábio permanece no meio, sem aplausos, sem crítica.

Passemos agora a nos referir à irritabilidade, porque o estudante de ocultismo que estuda a dinâmica das energias, constata que a irritabilidade nada mais é do que um foco de vibrações negativas não liberadas no seu consciente, o seu cérebro. É um foco, por exemplo: simpatia e antipatia, dois pólos de uma mesma energia. O livre-arbítrio atua em que tipo de escolha se faz, de um lado ou de outro. O sábio fica no meio, impessoal, agindo na compreensão espiritual. [...]

Todo aquele que pretende se modificar deve ter como princípio fundamental a liberação de conceitos, traçando novos caminhos, expandindo o campo de ação, não rotulando situações, mas entendendo que cada pessoa, cada ambiente é um universo diferenciado de experiências e tendências que são trazidas de encarnações pregressas, às vezes até agravadas nas atuais.

DE ÍCARO, Niferinne Filha. Emanações Cósmicas, pp. 17-18, 1ª ed., Rio de Janeiro, 1998.