terça-feira, agosto 11, 2009

IMPESSOALIDADE

Existem muitos graus na impessoalidade. Esses graus vão desde os desprendimentos menores em que se empenha o aspirante até o extremo desinteresse espiritual tão admirável e natural no Adepto. Qualquer que seja seu grau de manifestação, há no seu exercício algo de extremamente impressionante e influente para aqueles que a testemunham. Sua natureza é tão singular, tão contrária às leis bem conhecidas da expressão pessoal no mundo que o aspirante que a cultiva se distingue rapidamente, bem como silenciosamente, dos seus semelhantes.

A impessoalidade se afasta dos critérios da vida comum; tem origem num plano exterior ao do pensamento e da observação cotidiana; suas manifestações são tais que a consciência comum quase se recusa a sancioná-los; ela nos faz tomar consciência da Divindade que transcende a consciência humana e convida nosso coração a se submeter a suas benfazejas sugestões. Ela transtorna nossas idéias preconcebidas, rejeita as limitações e o orgulho do intelecto e desfaz as falsas máximas fortemente estabelecidas de uma educação liberal. E aí está a razão pela qual tão poucas pessoas são capazes ou desejosas de empreender seriamente essa cultura da impessoalidade, cuja natureza apresenta um aspecto mais ou menos repulsivo e se opõe a tudo o que é firmemente estabelecido e valorizado na vida pessoal.

ANDREA, Raymund. A Técnica do Mestre, p. 44, Ed. Ordem Rosacruz, Curitiba, 2008.