terça-feira, outubro 13, 2009

DHAMMAPADA: BÂLAVAGGA

Longa é a noite para quem vela, longa é a estrada para quem está fatigado, longa é a série dos nascimentos e das mortes para os insensatos presos à ilusão dos desejos e que desconhecem a verdadeira Lei (o Caminho).
Na grande jornada da vida, não encontrando quem lhe seja superior ou igual, que resolutamente prossiga solitário. No Caminho não há sociedade com insensatos.
"Esses filhos são meus, estas riquezas são minhas". Assim se atormenta o insensato. Verdadeiramente, nem nos pertencemos a nós mesmos, muito menos filhos e riquezas.
O insensato, reconhecendo-se como tal, pelos menos nisto é sábio. Mas o insensato que se julga um sábio, este sim é verdadeiramente um tolo.
Mesmo convivendo a vida toda com um homem sábio, o néscio percebe tão pouco do Caminho da Sabedoria, como a colher o gosto da sopa.
Os insensatos, que acreditam serem sábios, são inimigos de si mesmos; fazem más ações, das quais, por fim, só colhem frutos amargos.
Não é boa a ação que depois de feita traz arrependimentos; quando amadurecida, produzirá frutos amargos, que serão colhidos com lágrimas e lamentos.
Realmente boa é a ação que depois de feita não traz arrependimentos; quando amadurecida, produzirá frutos doces que serão colhidos com alegria e contentamento.
Doce como o mel parece ao tolo a má ação enquanto imatura; porém, quando ele amadurece, o sofrimento aparece, amargo como fel.

DHAMMAPADA, Cap. V, aforismos 60-69, trad. Georges da Silva, Ed. Pensamento, São Paulo.