quinta-feira, outubro 08, 2009

A FLOR DA ALMA

Procura pela flor que desabrocha durante o silêncio que se segue à tormenta: não antes.

Ela crescerá, se desenvolverá, lançará ramos e folhas, formará botões enquanto a tempestade prosseguir, enquanto perdurar a batalha. Porém, só quando toda a personalidade do homem estiver dissolvida e desvanecida - só quando for mantida pelo divino fragmento que a criou como mero instrumento de experimentação e experiência - só quando toda a natureza tiver cedido e sido submetida ao seu Eu Superior, é que o botão pode se abrir. Então, haverá uma calma semelhante àquela que ocorre em uma zona tropical após uma chuva torrencial, quando toda a natureza parece operar tão rapidamente que é possível vê-la em ação. Essa calma descerá sobre o espírito fatigado. E no profundo silêncio ocorrerá o misterioso acontecimento que comprovará que o caminho foi encontrado.

Não importa como tu a chames; é uma voz que fala onde não há ninguém para falar - é um mensageiro que vem, um mensageiro sem forma nem substância; ou antes, é a flor da alma que se abriu. Este acontecimento não pode ser descrito por qualquer metáfora. Pode, porém, ser pressentido, buscado e desejado mesmo em meio ao furor da tempestade. O silêncio pode durar um momento ou prolongar-se por mil anos. Porém, terá fim. No entanto, levarás contigo a força dele. Outra e outra vez a batalha tem que ser travada e ganha. É só durante um intervalo que a natureza pode permanecer tranquila.

NOTA - O abrir da flor é o momento glorioso em que a percepção desperta; com ela vêm confiança, conhecimento e certeza. A pausa da alma é o momento maravilhoso, e é seguido pelo momento da satisfação - que é o Silêncio.

Sabe, ó discípulo, que aqueles que passaram pelo silêncio, sentiram sua paz e retiveram sua força anseiam que tu também passes por ele. Portanto, na Sala do Aprendizado, quando ali for capaz de ingressar, o discípulo sempre encontrará o seu Mestre. Os que pedem, terão. Porém, mesmo que o homem comum pedisse perpetuamente, sua voz não seria ouvida. Pois ele pede só com a mente, e a voz da mente só é ouvida no plano em que a mente atua. Portanto, somente após passar pelas primeiras vinte e uma regras é que eu posso dizer que os que pedem terão.

Ler, no sentido oculto, é ler com os olhos do espírito. Pedir é sentir a fome interior - o anseio da aspiração espiritual. Ser capaz de ler significa haver obtido, até um certo ponto, o poder de satisfazer essa fome. Quando o discípulo está pronto para aprender, então ele é aceito, recebido e reconhecido. Assim deve ser, pois ele acendeu a sua lâmpada e ela não pode ser escondida. [...]

A Voz do Silêncio permanece em seu interior e mesmo que ele abandone por completo o Caminho, um dia ele ressoará e fará com que ele se sinta distante, separando as suas paixões das suas possibilidades divinas. Então, com dor e em meio a gritos desesperados do eu inferior abandonado, ele voltará. Portanto eu digo: A paz esteja contigo. "A minha paz te dou", essas palavras só podem ser ditas pelo Mestre aos discípulos amados que são como Ele. Há pessoas, mesmo entre aquelas que ignoram a Sabedoria Oriental, para quem isto pode ser dito sem restrições.

Observa as três verdades. Elas são iguais. O que está escrito acima são as primeiras das regras escritas nas paredes da Sala de Aprendizagem. Os que pedem terão. Os que desejam ler, lerão. Os que desejam aprender aprenderão.

A PAZ ESTEJA CONTIGO.


COLLINS, Mabel. Luz no Caminho, pp. 58-66, Ed. Teosófica, 2a. ed., Brasília, 2000.