sexta-feira, abril 23, 2010

A ausência de desejos

Todos nós que somos iniciados em alguma ordem mística ou esotérica nos deparamos em algum momento com a questão da ausência ou eliminação dos desejos, a fim de alcançar a libertação do ego e atingir a iluminação. Como fazer isso sem afetar significativamente os compromissos assumidos na vida diária? É um caminho longo e pode durar até vidas, desde a iniciação mais simples até a mais complexa, na qual as instruções e demais processos ocorrem tão somente no plano espiritual.

Portanto, não fiquemos agoniados, por não conseguirmos essa libertação dos desejos nesse exato momento. Quando somos iniciados, o nosso contexto social e familiar é um. E pura e simplesmente não podemos jogar tudo para o alto e querer levar uma vida ascética. Na verdade, se fizermos isso, nossos desejos apenas mudam de nome, mas continuam ali vibrantes.

A ausência de desejos deve significar, em vez de abandonar tudo, tentar enfocar de maneira diferente o resultado das nossas atividades diárias. Se antes o objetivo era executar um ótimo trabalho para obter o melhor resultado, passamos a executar o mesmo ótimo trabalho sem interesse no resultado que isso trará. Pouco a pouco transmutamos o foco das atividades sem deixarmos de executá-las.

É claro que existem situações em que não há como aplicar esse processo. Às vezes temos que ser radicais ou, pelo menos, usar toda a nossa força de vontade para evitar tais situações. O resultado disso, ainda que não possamos vê-lo, é muito benéfico porque atrai outras forças não visíveis que colaboram com o nosso desenvolvimento. Acreditemos: todos chegaremos lá, por mais paradoxal que possa parecer.

Colaboração do aspirante Carlos Adriano em 25 de fevereiro de 2007.