A Chama Una é um espaço de consagração, um momento especial em que, conduzidos pelo Mestre Ícaro, buscamos a nós mesmos. Trazemo-nos para a santidade, despertamos em nós o Ser Crístico, a escada de Jacó. E como isso se dá?
Em primeiro lugar, é necessário que nos coloquemos, por Vontade e Fé, prontos para o trabalho espiritual. Forças Divinas estimulam-nos o movimento, ou pela expansão de nossa consciência, reconhecemo-nos nele. O mover de nossa alma nos tira do lugar, desinstala nosso olhar e partimos em busca da Terra Prometida, a terra do encontro com Deus, a montanha de Delfos, de Moisés. Ganhamos a Paz, a Harmonia. Conectamo-nos com nosso Eu Maior.
Para essa conexão, trazemos a nós mesmos em nossa totalidade. Não há como ser diferente. O ser que se eleva não se abandona no meio do caminho, não nega sua própria materialidade. Somos humanos e é preciso que não nos esqueçamos disso. Não podemos esvaziar o humano em nós, pois a essência deste é sua natureza verdadeira e profunda, que está além dele mesmo. Somos nós como um todo que temos de ser direcionados, transmutados, não negados.
Vivendo esse processo de libertação e ascese - subida e elevação - estamos praticando princípios norteadores, organizadores de vida na matéria. É na matéria, não por ela que ascendemos. Esses princípios se constituem em Luz na caminhada. Não se dão como leis externas a nós mesmos. Colocamos em prática o que na realidade somos e de que nos esquecemos, às vezes. Concretizamos diretrizes fundamentais ao nosso crescimento espiritual. O trabalho é próprio, não há obrigação, escravidão. Há escolhas. Há princípios que resguardam a natureza divina em nós. E nós devemos segui-los, sob pena de falharmos em nossa missão principal nessa vida terrena.
Vejamos alguns desses princípios na visão de teólogos citados por Nilton Bonder:
- Deus é o centro que nos organiza. Devemos viver neste Centro. Quando Dele nos afastamos, estamos vivendo algo que não é nosso.
- O poder espiritual que a nós é dado vem do viver nesse centro, não de ilusões que criamos, quando nos prendemos ao nosso ego.
- Não devemos agir como se fôssemos absolutos, inteiros, permanentes. Não o somos ainda. Somos parte de um todo, não somos o todo. Essa é a verdadeira humildade.
- Criemos tempo para nossos objetivos transcendentais. No dinamismo da roda, faz-se necessária a parada. Ela nos alerta quanto aos apegos. É preciso buscar o nada na plenitude.
- Conectemo-nos com guias internos,com ancestrais. Somos uma grande corrente.
- Reconheçamo-nos como seres em relação. Somos todos um Universo.
- Não adulteremos nossos valores. Sejamos fiéis à nossa origem.
- Não roubemos de nós mesmos o direito à destinação espiritual. Reconheçamos nossos limites. Cuidemos da percepção de nós mesmos.
- A fonte de nosso mal não é o outro. Cuidemos dos julgamentos. São enganadores e afastam-nos de nós mesmos.
- Enfim, não desistamos nunca de nós mesmos.
Preleção de Tamala de Brahma para a Sessão Especial da Chama Una em 24 de setembro de 2011.