segunda-feira, outubro 24, 2011

Os diferentes estados de consciência

A Obra existe, os atos realizam a Obra e nós nos apercebemos disso quando já realizado. É assim desde a Criação. A consciência vai se aperceber o melhor possível de que tem que transformar as idéias em atos os mais semelhantes a elas no dia-a-dia. Mas nem sempre conseguimos devido às ligações existentes com o passado, chamadas de carma.

O carma é a cobrança de correção - não a cobrança castigadora daquilo que não soubemos acertar ao tentar transformar as idéias em atos ou fatos. É a lei de unidade, de harmonia universal. Serve apenas para que se repense o que não se acertou, para tentar acertar e repensar até acertar com perfeição. Isto se chama evolução espiritual. A partir dessa evolução o ser humano estará pronto para o encontro com o grande Pai e a amorosa Mãe Divina.

Há vários tipos de morte, de acordo com o carma de cada um. No livro "Morte, estado intermediário e reencarnação no budismo tibetano", Dalai Lama diz que a pessoa que morre, pode morrer com pensamentos virtuosos, não virtuosos, ou neutra - aquela pessoa que viveu e não se interessou pelo lado oculto da vida, não conheceu as possibilidades do que seja crescer e alcançar a linha do espírito. Entende-se por pensamentos virtuosos, todas as boas ações já praticadas, a grandeza de ter ajudado, o fato de não haver ódio, nem apego no coração e na mente de quem está partindo.

Se os pensamentos e a mente têm o poder de transformar e transmutar os fatos e as coisas, a hora da morte requer uma dose de cuidado, carinho e muita atenção. Quando uma pessoa está prestes a desencarnar, é preciso que o entorno não perturbe essa passagem. Quem morre quer silêncio, nada de choro e brigas. Nessa hora o que vale é a harmonia no ambiente. Isso pode ser alcançado com música suave, aromas agradáveis ou a leitura de um poema no caso da pessoa gostar de poesia.

Quem durante toda a vida praticou o bem e procurou acertar com perfeição, terá a possibilidade e consciência para construir seu próprio Devachan, palavra tibetana que quer dizer lugar do repouso ilusório. Vão para esse estado de consciência todas as coisas boas, todos os sonhos e todas as obras. Um estado de intenso egoísmo, mas um ego tão puro e inocente quanto um bebê recém-nascido.

Helena Blavatsky chegou a comparar o Devachan com o céu dos católicos, exceto no fato de que a duração da experiência no Devachan é limitada - quando a alma se reveste do processo cármico e sente-se atraída para voltar à Terra. Mais uma vez a roda da vida girou. É necessário preparar corpo, mente e espírito para partir porque a evolução nos leva através de vida e morte para o estágio de perfeição humana e conseqüentemente divina.

Publicado originalmente no Mensageiro Celeste nº 6, edição de novembro de 2003.
às 11:0