quarta-feira, julho 25, 2007

O APOCALIPSE

Quando se fala na Besta do Apocalipse logo a relacionamos com um animal, ainda mais porque assim João Evangelista a descreve. Não podemos, porém, ler textos sagrados literalmente, pois eles são metáforas, parábolas, que exigem uma interpretação nossa dos seus significados alegóricos. Besta aqui, portanto, deve ser entendida muito mais no sentido dos apegos aos atos bestiais, pela ignorância espiritual do que, propriamente, um animal. A esfinge, a medusa, o capricórnio são figuras representativas desta simbologia: meio homens, meio bichos, evoluindo do puramente animal ao ser hominal, evolutivamente; daí o número seiscentos e sessenta e seis ter também o sentido de transmutação evolutiva.

Esses atos bestiais vão desde as infâmias e blasfêmias até uma conduta anti-crística, ou seja, em nome de lemas e ideais religiosos, a pregação do sectarismo, do fanatismo, da guerra, da discórdia, da desarmonia, do desamor.

Ao passar pelo Apocalipse com um "saldo" positivo, o ser hominal assumirá a condição de PHATAE - paz, harmonia, tranqüilidade, amor e equilíbrio: terá como fator máximo sua fé, estabelecida pela razão, inclusive capaz de dominar o átomo, o que lhe dará poder sobre tudo e sobre todas as coisas (até capacidade de viagens astrais pela materialização e desmaterialização de seus corpos).

Diante do exposto, a conclusão é óbvia: não partilhamos da concepção que se faz do Apocalipse, como sendo um julgamento único para todos os seres, através de um Juízo Final, conclusivo, definitivo. Face ao advento da Era de Aquário, no qual acreditamos, encaramos o Apocalipse como mais um movimento da dança cósmica de Shiva, o deus da transmutação, Aquele que destrói, para logo em seguida reconstruir melhor.

MICCOLIS, Leila. Do Hum ao Om, pp. 33-34, 1ª ed., Rio de Janeiro: LDE, 1988

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