domingo, fevereiro 17, 2008

A ARTE DE LER - 3ª parte

UM JEITO MISTERIOSO DE FALAR EM SILÊNCIO
Carlos Cardoso Aveline

Graças aos livros e à internet, podemos ter alguns dos maiores sábios da humanidade como amigos e conselheiros - e conviver com eles interiormente. Essa amizade sem fronteiras estabelece um contato vivo entre a consciência divina presente em nós e a consciência divina que há na alma dos bons autores.

Ao mesmo tempo, o livro que contém sabedoria é o melhor espelho do homem - um espelho em que se reflete nosso eu imortal, nosso potencial para o bem e nosso rosto espiritual. Diferentes leituras despertam distintos aspectos do ser humano.

O livro que traz sabedoria é sempre um instrumento que faz o espírito avançar em direção à luz, mas há várias maneiras de utilizá-lo. É possível ler rapidamente e sem compromisso, para obter uma idéia geral do que há na obra. Pode-se usar um livro como material de consulta e como recurso para pesquisas eventuais. E pode-se ler um livro em profundidade e meditativamente, testando em nossa vida diária as verdades que ele traz e renovando nossa experiência concreta com o material que ele contém.

Algumas leituras são exercícios de ioga e contemplação. Pouco antes de morrer, a escritora russa Helena Blavatsky disse que, ao ler sobre filosofia esotérica, o estudante deve manter presentes três idéias:

1) A primeira é a unidade fundamental de tudo o que existe. Essa unidade interior não nega, mas, ao contrário, alimenta e reforça a diversidade externa da vida.

2) A segunda idéia é que não há matéria morta ou inanimada no universo. Tudo está em movimento, tudo tem vida. A Lei Universal e a Inteligência Cósmica estão presentes no movimento de cada átomo.

3) A terceira idéia é que o homem é o microcosmo. Cada ser humano é uma miniatura do universo e está em relação dinâmica com todo ele. [3]

É possível manter estas três idéias em nossa consciência não só enquanto lemos um livro, mas em todos os momentos da vida. Olhar o mundo é a mesma coisa que ler a natureza. Podemos estar em contato consciente com o universo enquanto agimos nas situações concretas da vida. Sugerindo algo parecido, a brasileira Cecília Meireles escreveu em um dos seus poemas:

"Não sejas o de hoje. Não suspires por ontens... Não queiras ser o de amanhã. Faze-te sem limites no tempo. Vê a tua vida em todas as origens. Em todas as existências. Em todas as mortes. E sabe que serás assim para sempre. Não queiras marcar a tua passagem. Ela prossegue: é a passagem que se continua. É a tua eternidade... É a eternidade. És tu." [4] (continua)

Um comentário:

Anônimo disse...

Amei o poema de Cecília Meirelles!!!!Lindo!!!Não conhecia....obrigada pela oportunidade.