segunda-feira, julho 13, 2009

BIBLIOTECA AKHENATON

Em dezembro do ano 640, o general Arnr, enviado do Califa árabe Omar, conquistava Ale- xandria, no Egito. Era um dos começos do fim da famosa Biblioteca de Alexandria, construída por Ptolomeu Filadelfo no início do terceiro século a.C. para "reunir os li- vros de todos os povos da Terra" e destruída pelo fogo mais de mil anos depois. Por que destruir uma biblioteca, nos perguntamos hoje. Porque o invasor sabia que ela guardava o patrimônio espiritual dos egípcios, um acervo de sabedoria acumulado durante séculos, cuja força ameaçava os invasores.

Esse exemplo nos mostra que uma biblioteca não é um conjunto de livros, tampouco o espaço onde se guardam livros. Ela é um reposi- tório acessível que guarda bens intangíveis, como conhecimento, orientação, estímulo à curiosidade, e ao mesmo tempo a memória e a imagem daqueles que a criaram. Já houve tempo em que a biblio- teca era um privilégio restrito aos monges eruditos ou aos poderosos que a usavam como instrumento de manipulação e controle. FeIiz- mente os avanços técnicos permitiram a popularização das publica- ções.

A biblioteca, então, não é somente um instrumento de pesquisa, ela é também um lugar de contemplação, de deleite e principalmente é uma porta que se abre para inumeráveis aventuras. Um assunto con- sultado dá origem a novas interrogações, que por sua vez gerarão outras e assim por diante, ampliando o horizonte de nossas vidas.

Alguém disse que ao formar uma coleção, nos colecionamos a nós mesmos. Nesse sentido, a biblioteca da "CEU" representa a maneira de ser da instituição. Os livros e periódicos que a compõem estão orientados à aquisição do conhecimento e desenvolvimento espiri- tual. Por outro lado, como aqui não existem dogmas, obras de diversas tendências filosóficas e religiosas são bem-vindas. Cumpre a cada um percorrer os diferentes percursos e escolher o caminho mais adequado ao seu crescimento.

Apesar da dedicação daqueles que contribuíram direta ou indireta- mente para a consolidação da biblioteca, somos obrigados a conviver com algumas limitações: o espaço reduzido, a própria estrutura do prédio que, de certa maneira determina a arrumação das estantes e a falta de recursos financeiros que restringe o enriquecimento do acervo. Cabe salientar também que todas as pessoas que estiveram diretamente ligadas a sua organização deram sempre o melhor de si, de acordo com as condições existentes.

Recentemente contamos com a colaboração da irmã Chavarya de Kurukshetra que orientou profissionalmente o registro, classificação e catalogação do acervo assim como a implantação de uma Base de Dados que foi batizada como "Base Mestre Akhenaton" que ficará disponível para consulta por parte dos usuários.

Se pensamos que já existiram bibliotecas "minerais" que guardavam tabuletas de barro ou pedra, com inscrições, bibliotecas "vegetais" que tomavam conta de documentos escritos em papiro e bibliotecas "animais", constituídas de pergaminhos, devemos nos sentir felizes de poder contar com os livros, as revistas, os jornais que compõem nosso acervo, e com o computador que facilita nossa procura.

Este é, portanto, um momento de grande alegria e confratemização em que festejamos o compartilhamento do acervo espiritual da "CEU", como já dissemos, e o trabalho de seus membros.

Petra de Luxor
Coordenadora da BIBLIOTECA AKHENATON