terça-feira, maio 11, 2010

O paciente como voluntário (cont.)

Não há serviço ao outro sem espontaneidade, gratuidade, discernimento, escolha consciente. Quando servimos, despojamo-nos de nós mesmos, assumimos metas da comunidade a que pertencemos, participamos realmente. O voluntariado que se constrói em bases superficiais, como atendimento exclusivo a nossas necessidades materiais ou psicológicas, (anseios particulares, solução de problemas afetivos), ou sociais, como ânsia de poder e projeção da personalidade, não traz efeitos benéficos para a comunidade, pois, na realidade, quem se diz servidor, não serve a ninguém e sim a si próprio. O envolvimento sentimental, o deixar-se levar pelas emoções, o desespero diante dos insucessos de nossos projetos, as fantasias a que nos entregamos, a competição entre os elementos do grupo são manifestações de nossas fragilidades. Faz-se necessário o exercício da vontade, a determinação, a força do Espírito, que harmoniza conflitos, possibilita a união e constrói a Paz.

A tarefa mais árdua no serviço voluntário somos nós mesmos, não o trabalho, que nada mais é do que a vivência do amor fraterno, a tendência normal de todo ser humano. Urge que sejamos vigilantes ao servir. Conscientes do que queremos atingir, procuremos não nos desviar do caminho. Não há como ser voluntário sem nos desalojarmos do nosso próprio eu.

Somos capazes desse despojamento? Da bondade que requer o trabalho voluntário? Sim, nossa fé nos afirma isso. Somos Filhos de Deus e essa filiação nos assegura que Ele está conosco e é isso que nos une como membros de uma grande família. Essa certeza nos forma e lança-nos na dimensão maior do trabalho voluntário – a do Espírito. E espíritos se identificam por sua essência, não por seus acidentes. É preciso saber olhar e aceitar nossas diferenças. Devemos nos encontrar nas semelhanças, pois estas nos aproximam e a proximidade real entre nós é que nos disponibiliza para o Serviço. Num projeto de trabalho voluntário, só caminhamos juntos. E unidos! Integrados no Amor do Pai, que corre nas veias de todos os seus filhos.

Irmãos, não tenhamos medo de nossas dúvidas, não nos julguemos incapazes para viver o Amor. A messe é grande e não precisamos de grandes obras, mas de dedicação, doação, pequenos atos de solidariedade cotidiana. Sejamos coerentes com nossa Fé e Esperança, envolvendo-nos com projetos que visam à construção de um mundo melhor para todos. Atendamos ao chamado, unamo-nos na Ação Voluntária, ato maravilhoso e abençoado de comunhão, exercício da verdadeira Caridade.

Material de apoio utilizado no Workshop "O Trabalho Voluntário na CEU" realizado em 8 de maio de 2010.