terça-feira, janeiro 25, 2011

As vibrações mentais

O pensar sistemático produz na criatura o condicionamento sobre o qual tanto falou Jiddu Krishnamurti. Esse condicionamento é produzido por todos os pensamentos que deixaram marcas nos nossos neurônios cerebrais, na nossa memória. Memória que é importante a fim de que possamos recordar pessoas, situações, citações e momentos da nossa vida; mas que é um grande impedimento quando se constitui numa verdadeira “crosta”, que nos encerra da Realidade e impede que vejamos as coisas como elas realmente são.

E então surgem em nós as ideias feitas: julgamos ou criticamos aquilo que não conseguimos ter conhecimento. Passamos a viver num mundo morto, cheirando a bolor e naftalina, que odeia o desafio do novo, do autêntico, daquilo que possui uma essência pura. Algo que geralmente acontece com os que realmente envelhecem. Não se trata do envelhecimento orgânico, pois esse é inevitável. Mas o pensamento pseudomoderno que é a marca de muitos jovens de idade. Com essa visão, podemos dizer que os seres verdadeiramente modernos são aqueles que vivem intensamente o Eterno encontrado em cada instante de suas vidas.

O viver o Agora é a vibração mental de maior intensidade que podemos emitir neste mundo, com suas limitações espaço-temporais, quando verdadeiramente estamos vivendo e não sendo vividos pelos acontecimentos. Essa vibração, de altíssima tônica, é a que caracteriza o autêntico místico, o autêntico artista em qualquer uma das artes, o autêntico religioso não de uma determinada religião, mas daquilo que chamamos a Religião das Religiões, a essência comum que liga todas elas, o ponto de convergência para onde elas fluem. [...]

As vibrações mentais dos seres realmente iluminados continuam brilhando ainda hoje e amanhã pelo mundo, pois elas têm a sua onda portadora – idêntica às das estações de rádio – na Eternidade. São essas vibrações dos Seres verdadeiramente Humanos que puderam, podem e poderão ser como alavancas para o progresso humano. Não importa que sejam incompreendidos, criticados pelos eruditos de sua época, queimados, crucificados, cobertos de calúnia. Pois o que tem de ser dito tem de ser expresso com toda a intensidade num espírito de autêntico sacrifício. Ou de sacro-ofício – do sagrado ofício. Essas vibrações mentais, de altíssima potência, nascem naqueles que atingiram o segundo nascimento, na tradição iniciática e da alquimia, Esse “segundo nascimento” é somente o começo de uma série de “nascimentos” (Iniciações) quando vão aparecendo, no ser que foi iniciado, novas tônicas de vibrações mentais cada vez mais sutis, resultantes daquele verdadeiro “amadurecimento interno” do ser humano. [...]

Quando se dá a subida do ser humano a esses “mundos elevados”, uma nova tônica vibratória envolve os seus pensamentos. Uma nova energia. É um fato que constatamos desde a mais remota antiguidade até o nosso mundo de hoje – a presença dessas escolas iniciáticas. A instrução dada ali é esotérica, oculta aos olhos profanos. Somente aquele que experimentou, na sua própria carne, o que seja uma real “iniciação” poderá saber o que está sendo dito.

Temos de considerar, nessa elevação da tônica das vibrações mentais, duas leis fundamentais, que são:

1) A ninguém está impedido o acesso a esse conhecimento reservado, mas:
2) esse conhecimento só lhe será dado se provar ser digno dele.

AZEVEDO, Murillo Nunes de. Ecologia mental, pp. 69-73, 9ª ed., Pensamento, São Paulo: 1999