
Na verdade, todos esses fatos são mais do que simples coincidências. Constituem casos concretos de uma das funções mais fascinantes da consciência humana: a telepatia ou transmissão de pensamento. O fenômeno é muito mais comum do que esses poucos exemplos sugerem, porque ocorre quase sempre de modo semiconsciente ou inconsciente. A telepatia se processa o tempo todo e faz parte dos vários aspectos da vida diária. Se soubéssemos disso, teríamos mais cuidado não só com o que pensamos, mas também com o que dizemos, na ausência de determinadas pessoas.
Em condições favoráveis, somos capazes de ouvir pensamentos. Não ouvimos as palavras, mas percebemos as idéias e os sentimentos íntimos dos outros. Os pensamentos se transmitem de um modo natural. A telepatia inconsciente ocorre em silêncio, por dentro, por baixo e ao lado da comunicação verbal. Ela se apóia na palavra como seu veículo e instrumento. É ela que dá sentido profundo ao que uma pessoa fala.
A telepatia inconsciente também é responsável, em parte, pelo fenômeno das “modas”, dos costumes e das opiniões que são consenso. E ela explica o fenômeno da liderança. Uma idéia lançada por alguém no momento e em condições adequadas se transmite rapidamente às consciências de muitos. A mesma idéia, semeada de modo incorreto ou em condições desfavoráveis, pode não ser aceita por ninguém, porque não chegou a ser bem transmitida magneticamente para mente alguma.
A telepatia provoca grande parte das afinidades e antipatias entre as pessoas. Quando conhecemos alguém e simpatizamos com a outra pessoa, pensamos bem dela. O pensamento e sentimento positivos chegam imediatamente até o outro e – se não houver um bloqueio – estabelece-se então uma simpatia recíproca que pode levar a uma boa amizade e cooperação. Quando antipatizamos com alguém, nossos pensamentos e sentimentos chegam de modo igualmente certeiro à outra pessoa; se outros fatores não forem mais fortes, surgirá um sentimento negativo recíproco.
A conclusão prática desse fato é que, se emitir sentimentos honestos, equilibrados e construtivos para todos (mesmo aos que lhe são antipáticos), a lei da reciprocidade magnética e da transmissão dos pensamentos e sentimentos fará com que você colha os bons frutos que plantou. O universo não tem – nem permite – segredos. Ele tem apenas coisas que ainda não entendemos. A lei do retorno não admite exceções: o que vai, volta; o que se planta, se colhe. Tudo o que você faz, pensa, sente, sonha e pretende em relação aos outros e a si mesmo fica registrado e dará seus frutos no devido tempo. Esse é o grande poder, e a enorme responsabilidade, do pensamento humano.
Extraído da revista Planeta no 341, fevereiro de 2001, texto de Carlos Cardoso Aveline.