quarta-feira, setembro 19, 2012

A semente de mostarda

Certa vez, quando Sakyamuni Buda discursava, uma mulher de nome Kisa Gotami correu para ele em grande desespero. Em seus braços carregava uma criança. A mulher prostrou-se aos pés de Buda:

"Senhor eu vos imploro, dê-me um remédio para meu filho".

Contudo estava visível que a criança já estava morta. Kisa Gotami havia ficado louca de dor e desvairada carregava o cadáver da criança para onde ia. Buda ficou em silêncio por algum tempo. Em seguida ele disse:

"Se você quer a cura da criança traga-me uma semente de mostarda da cidade, mas há uma condição. A semente de mostarda deve ser encontrada em uma casa na qual ninguém da família tenha morrido."

Kisa Gotami correu para a primeira casa e perguntou:

- Pode me dar uma semente de mostarda para que eu possa dar como remédio para meu filho?

- Claro que posso.

- E já morreu alguém nesta casa?

- "Ah! Sim", responderam. "Já morreram muitos."

Na próxima casa ela perguntou:

- Esta casa está livre da morte?

- Certamente não. Responderam. "Já morreram muitos nesta casa."

Em todos os lugares a resposta era sempre a mesma. Então Kisa Gotami sentou-se e sua mente foi se tornando calma. Ela pensou consigo mesma: "Será sempre a mesma resposta em toda casa. Buda sabia que seria assim".

E ela saiu da aldeia e foi para o cemitério. Ela enterrou a criança e pronunciou as seguintes palavras:

"O que é verdade para a aldeia é verdade para a cidade. O destino dessas pessoas não é somente delas, é para todo mundo, até para os devas no céu, esta verdade é imortal: todas as coisas têm que morrer".

E então Kisa Gotami procurou o lugar onde o Buda estava meditando, prestou-lhe homenagem e disse:

- "Senhor, o trabalho da Semente de Mostarda está feito. Não peço para recuperar meu filho, porque mesmo que pudesse recuperá-lo, ele morreria novamente. Ensine-me como encontrar dentro de mim mesma isso que nunca morre."